terça-feira, 30 de novembro de 2010


EU E VOCÊ

Debaixo de um jasmineiro,
exalando perfume,
tu cantavas para mim
na quietude do bairro,
sob a luz do luar,
coisas que gosto de lembrar.

Uma delas dizia assim:

"foi pensando em você
que eu escrevi esta triste canção,
foi pensando em você
que é meu tormento e a minha paixão..."

Encantado, pensava comigo,
que delícia estar aqui,
ouvindo tua voz rouca
e o hálito da tua boca
perfumando meu olfato.
E eu, bêbado de beijos,
com sabor da tua saliva
cujo gosto ainda sinto
no interminável desejo
que o passado voltasse
e para sempre ficasse
até chegar nosso fim.

E, na outra vida, estar
abraçados a sonhar,
ouvindo-te cantar:

"quase que eu disse agora
o teu nome sem querer..."

Porto Alegre, 04/01/2009

Ivo Leão da Rocha


segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Para todos os meus amigos...

Peço emprestadas as palavras de

Chico Xavier

" Se eu morrer antes de você, faça-me um favor:
Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado.
Se não quiser chorar, não chore.
Se não conseguir chorar, não se preocupe.
Se tiver vontade de rir, ria.
Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão.
Se me elogiarem demais, corrija o exagero.
Se me criticarem demais, defenda-me.
Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam.
Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo.
Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver.
E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase:
"Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus!"
Aí, então, derrame uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal.
Outros amigos farão isso no meu lugar.
E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu.
Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus.
Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele.
E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui Ele nos preparou.
Você acredita nessas coisas?
Então ore para que nós vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito.
Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo.
Mas, se eu morrer antes de você, acho que não vou estranhar o céu...
Ser seu amigo já é um pedaço dele! "

Ivo


sábado, 13 de novembro de 2010

Quinta -feira, 11.11.2010, estive no sítio do meu amigo e conterrâneo Telmo de Lima Freitas, na cidade de Cachoeirinha-RS.
Tomamos mate, comemos mandioca e churrasco ao pé do fogo, relembramos velhos amigos e serenatas, bebemos alguns "gol" de vinho e marcamos novos encontros.
O galpão, refúgio onde o Telmo passa os dias, me fez voltar aos tempos de piá na Vila 13 de Janeiro, hoje Santo Antônio das Missões, também na fazenda de tios em Ituparaí-RS e do galpão da casa onde nasci em São Borja-RS.
Conheci a Iara, esposa do Telmo, reencontrei o Adão e passei momentos que jamais esquecerei.
E o "chorinho"? Burrinho estimado por todos, que vem para dentro do galpão na busca de afago.
Sigam em paz queridos amigos.
Em breve retornaremos a charlar.






Certa noite há muitos anos, o Telmo, o Paulinho Pires e eu, em altas horas da madrugada, acordamos meus pais com uma serenata ao som de violão e serrote, quando o Telmo cantou a valsa que a minha velha tanto gostava:



LEMBRANÇAS

Telmo de Lima Freitas

Quando as almas perdidas se encontram,
machucadas pelo desprazer,
um aceno, um riso apenas,
dá vontade da gente viver.

São os velhos mistérios da vida,
rebenqueados pelo dia-a-dia,
já cansados de tanta tristeza
vão em busca de nova alegria.

E ao morrer desta tarde, morena,
quando o sol despacito se vai,
as lembranças tranqueiam co'as águas
passageiras do Rio Uruguai.

E as guitarras, eternas cigarras
entre as flores dos velhos ipês,
sempre-vivas, dormidas, se acordam
na lembrança da primeira vez.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

PINHO VELHO

Apparício da Silva Rillo


Pinho velho, empoeirado,
escutei neste momento
as notas que a mão do vento
te surrupiou ao passar.
Canta, mas canta sozinho,
porque teu dono, meu pinho,
nunca mais há de cantar.

Canta, canta pinho amigo,
deixa que o vento te abrace.
É o minuano? Pois que passe,
quem canta não sente frio!
Canta, consola teu dono,
faz que não sente o abandono
de nosso rancho vazio.

Canta, mas canta baixinho...
Que neste rancho enlutado
mal se escute o teu ponteado,
meu inquieto violão.
Respeita a dor do meu luto,
se de ouvido não te escuto,
te escuto de coração.

Repara só, velho pinho,
como o destino da gente
desembesta de repente,
rebenta o freio e se vai!
Toma sempre o pior trilho,
e a gente sobre o lombilho
vai sofrendo, cai-não-cai...

Procuro agüentar o tranco
mas me achico pra lembrança
sempre que beijo esta trança
sedosa, que conservou,
a graça, o viço e o perfume
daquela que por ciúme
Nosso Senhor me roubou.

Meu pinho, por que calas-te?
Canta de novo, meu pinho!
Teu dono fala sozinho
por não poder mais cantar.
Quem tem mágoas na garganta
chora, pensando que canta,
cantando pra não chorar!


HINO RIO-GRANDENSE




Hino oficial do Estado do Rio Grande do Sul

Letra de: Francisco Pinto da Fontoura
Música de: Comendador Maestro Joaquim José Mendanha




COMO AURORA PRECURSORA
DO FAROL DA DIVINDADE,
FOI O VINTE DE SETEMBRO
O PRECURSOR DA LIBERDADE.

MOSTREMOS VALOR, CONSTÂNCIA,
NESTA ÍMPIA E INJUSTA GUERRA;
SIRVAM NOSSAS FAÇANHAS
DE MODELO A TODA TERRA.

(Estribilho)

DE MODELO A TODA TERRA
SIRVAM NOSSAS FAÇANHAS
DE MODELO A TODA TERRA

MAS NÃO BASTA, PRA SER LIVRE,
SER FORTE, AGUERRIDO E BRAVO,
POVO QUE NÃO TEM VIRTUDE,
ACABA POR SER ESCRAVO.

MOSTREMOS VALOR, CONSTÃNCIA,
NESTA ÍMPIA E INJUSTA GUERRA;
SIRVAM NOSSAS FAÇANHAS
DE MODELO A TODA TERRA.

(Estribilho)

DE MODELO A TODA TERRA
SIRVAM NOSSAS FAÇANHAS
DE MODELO A TODA TERRA



segunda-feira, 1 de novembro de 2010

POR QUE MORREMOS?




Ao amigo Paulo Nunes da Silva
Integrante do C.V.V.
(Centro de Valorização da Vida)

Paro agora pra pensar
e medito profundamente
por que Deus fez a gente
para nascer e viver
sem ao menos compreender
este mistério profundo
de vir e sair do mundo,
existir e logo depois, morrer.

Há uns que nascem com tudo,
outros nascem com nada,
mas ninguém escapa da armada
que a sina lhe destinou.
Um dia eu também vou
carretear a última viagem,
só levando na bagagem
as contas do que fui e sou.

Efêmera é a existência
que os mortais vivem aqui,
encarando logo ali
até mesmo sem querer,
sem nada, nada saber
do que já está reservado
como será o outro lado
depois que a gente morrer.

A razão destes meus versos
tem uma causa nobre
antes que um amigo me cobre
aquilo que não sabemos,
mas tentamos pelo menos
responder em poesia
o pedido feito um dia
indagando "Por que morremos?"

Esse amigo que citei
é um ente muito querido
de nós todos conhecido
por sua benevolência,
faz da palavra a ciência
para atender aos apelos
daqueles que sem conhecê-los
se perderam na existência.

Para voltar ao assunto
e encontrar uma resposta,
gostar a gente não gosta
de falar do que não quer.
Me diga, pois, se puder
satisfazer o amigo
sem correr nenhum perigo
de errar quando ela vier.

A morte é o fim da vida
para o vegetal e o animal
por favor, não leve a mal,
Jesus nos prometeu
Ele que um dia morreu
para a vida nos salvar
e depois ressuscitar
os que pensam como eu.

A semente que germina
se enterrou e apodreceu
e ali no mais renasceu,
gerando um fruto lindo
de ano em ano surgindo
para saciar nossa fome.
A saciedade tem nome,
lembram do maná caindo?

A alma não morrerá
assim como a semente
sendo rico ou indigente
preto, branco ou amarelo,
quando bater o martelo
da vida que se findou,
confesso que também vou
sentir do céu o libelo.

Quem me dera encontrar
na vida terrena agora
Jesus arrastando espora
como tantos guascas xirús
depois de levar a cruz
agora já sem escolta
na caminhada de volta
da estrada para Emaús.

Talvez Ele dissese
o que acontece depois,
caminhando ali nós dois
passo a passo, lado a lado
depois de já ter findado
num martírio mui cruel
sem dar nem pedir quartel,
como será depois de finado.

A resposta com certeza
vou ficar te devendo,
diante do oculto me rendo,
pois até aqui ninguém sabe
na minha cabeça não cabe
decifrar o verdadeiro
que homem por mais matreiro
e por mais culto não sabe.

Porto Alegre, 19/12/2005
Ivo Leão da Rocha