quinta-feira, 31 de maio de 2012

martinho da vila - disritmia

SÓ UM LEMBRETE DO QUINTANA


Ampulheta

... A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:
Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo, pois a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.

Mário Quintana 


Relógio do sol


sexta-feira, 25 de maio de 2012

EU FUI - EU SOU



Quero-quero
 
Não sou cantor, não sou nada.
Estou aqui de passagem,
já chegando ao fim da viagem
com o peso da cangalha
e a melena já grisalha.
Na goela, a voz cansada;
Na face, sulcos de terra arada;
No peito, a dor da saudade,
canto sem sonoridade,
e a espinha já bem arcada.

Na lonjura de um cafundó,
numa encruzilhada da vida,
lá ficou, na despedida,
sob a ramada frondosa,
uma silhueta dengosa
e a lembrança amargurada,
quando ali de madrugada,
entre abraços e arquejos,
entre resmungos e beijos,
para sempre enraizada.

Da vida nada se leva,
mas ainda se faz mister
que entre o homem e a mulher,
do início até o final,
vindo de um mesmo caudal,
e é por certo relevante
até mesmo se distante,
na dor ou no prazer,
é necessário aceder
que o amor é importante.

Sou filho, pai e avô,
do mundo nada mais quero,
sou grito de quero-quero,
fui clarim, fui regimento,
tapera e acampamento.
Noite clara, noite escura,
nada mais que criatura,
sanga funda, boitatá,
sou flor de caraguatá,
sou pôr de sol na lonjura.

Embora não sendo cantor,
sou crente da poesia,
considero uma heresia
não dar valor a quem canta.
O timbre da voz na garganta,
por mais que seja indeciso,
sendo o verso de improviso,
a todos tiro o chapéu
e, até chegar no céu,
eu canto porque preciso.

Porto Alegre-RS, 29 de abril de 2012.

Ivo Leão da Rocha

Caraguatá

sábado, 12 de maio de 2012

DIA DAS MÃES

Domingo - 13 de maio de 2012




A  mais sublime palavra
que o dicionário encerra
a todos aqui na terra
no mar e também no céu,
que o índio por mais incréu
com reverência se ajoelha,
fazendo do amor a centelha
do alvorecer ao crepúsculo
buscar na força do músculo
o vôo incansável da abelha.

De um ato de amor me gerou,
passando mil provações,
cantando ternas canções
para seu filho ninar,
dando o peito pra sugar
a um ente recém-nascido
num gesto tão comovido
para fazê-lo crescer
com dedicação e saber
pra que não caia no olvido.

São três letrinhas apenas
que sintetizam amor
com matiz de linda flor
cultivada com carinho.
Ao canto de um passarinho,
teve de Deus a incumbência
para criar com prudência
um ser muito esperado
por um sonho acalentado,
vivificar a paciência.

És tu, minha terna Santa,
que eu quero homenagear.
Nesta data te saudar,
estejas onde estiver.
O Criador te fez mulher
para passar pela vida
ao fim de uma jornada
ver tua cria embargada
pedir bênção, mãe querida.

Ivo Leão da Rocha
11/05/2008