terça-feira, 18 de junho de 2013

ÚLTIMA CARREIRA

Vou enfrenar essa carreira,
na cancha reta da vida,
dois trilhos em paralelo
e um sonho por alcançar.
Será renhida a peleia
quando levantar a fita,
para um "já se vieram" gritado
num bate-bate de tala
do partidor ao julgador.

O destino estará traçado
e seja lá o que Deus mandar.

Quem quiser guabiju
que venha sacudir o galho.
A guaiaca está recheada!
Faça sua parada, parceiro!
Aposto tudo que tenho
nas patas do meu cavalo.

Se perco, já estou acostumado;
se ganho, não dou lambuja,
nem que seja por piedade.

Se aguentar o tirão
neste domingo de sol,
sigo sereno no mais,
com bolsos cheios de "pilas".
Vou rever o meu amor,
que ficou no rancho, rezando
para o santo da sua fé.

Porto Alegre-RS, 30 de maio de 2013.

Ivo Leão da Rocha 

segunda-feira, 3 de junho de 2013

DISPONDO MEUS ÓRGÃOS

É imperativo dizer agora,
formalizando com equidade,
que num gesto de bondade
faz-se necessário que eu diga
para que toda gente amiga
e até quem não me conhece,
como se faz numa prece,
ou num instante uma cantiga.

Doar órgãos ou sangue
é um dever dos viventes.
Não ficar indiferentes
da dor e necessidade
nos hospitais em quantidade
na espera de um doador,
seja qualquer órgão que for
bem-vindo será de verdade.

Doar sangue já não posso,
a medicina é que diz
que o humano tem na raiz
a genealogia dos antepassados
que permanecem no ser arraigados,
passando por gerações,
no ir e vir das multidões,
em todos nós obstinados.

Colesterol e pressão alta,
idade já avançada
tornam a saúde complicada,
limitando nossos atos.
Por mais que sejam inatos,
já não podem minorar dores
não por falta de amores,
mas por excesso dos maus hábitos.

Se Deus me permitir,
já quero deixar expresso,
diante de todos, confesso
por mim já está autorizado
que algum pedaço seja aproveitado
para curar o mal de alguém,
que os anjos digam amém
ao dar vida ao transplantado.

Que o enfermo se recupere
do mal que o atormenta
nesta passagem cruenta
em que alguém possa ganhar
sem ter nada que pagar,
levando uma vida plena,
reencontrar saúde amena
num bloco hospitalar.

Aqui nesta vida terrena
estamos só de passagem,
mesmo não tendo coragem,
concito amigos meus:
O que tendes não são seus,
é só empréstimo agora
e, quando chegar a hora,
devolvereis tudo a Deus.

Porto Alegre, 12 de maio de 2013.
Ivo Leão da Rocha