quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O TREM DA VIDA

A vida pode ser comparada a uma viagem de trem, quando bem interpretada. Isso mesmo, a vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques, alguns acidentes, surpresas agradáveis em alguns embarques e grandes tristezas em outros.
Quando nascemos entramos nesse trem e nos deparamos com algumas pessoas, que julgamos que estarão sempre conosco: nossos pais.
Infelizmente, isso não é verdade, em alguma estação eles descerão e nos deixarão órfãos no caminho, amizade e companhia insubstituível... mas isso não impede que durante a viagem, pessoas interessantes e que virão a ser especiais para nós embarquem.
Chegam nossos irmãos, amigos, amores e filhos maravilhosos.
Muitas pessoas tomam esse trem apenas a passeio. Outros encontrarão nessa viagem somente tristeza. Ainda outros circularão pelo trem, prontos a ajudar a quem precisa.
Muitos descem e deixam saudades eternas, outros tantos passam por este trem de forma que, quando desocupam seu assento, ninguém sequer percebe.
Curioso é perceber que alguns passageiros que nos são tão queridos, acomodam-se em vagões diferentes dos nossos, portanto somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles, o que não impede, é claro, que durante o percurso, atravessemos, mesmo que com dificuldades, o nosso vagão e cheguemos até eles... só que, infelizmente, jamais poderemos sentar ao seu lado para sempre.
Não importa, a viagem é assim, cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperanças, despedidas... porém, jamais retornos.
Façamos essa viagem, então da melhor maneira possível, tentando nos relacionar bem com todos os passageiros, procurando, em cada um deles, o que tiverem de melhor, lembrando sempre que em algum momento do trajeto, eles poderão fraquejar e provavelmente precisaremos entender, pois nós também fraquejamos muitas vezes e, com certeza, haverá alguém que nos entenderá.
Eu me pergunto se quando eu descer desse trem sentirei saudades... acredito que sim.
Separar-me de algumas amizades que fiz será, no mínimo, dolorido. Deixar meus filhos continuarem a viagem sozinhos será muito triste, mas me agarro à esperança de que em algum momento, estarei na estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram... e o que vai me deixar mais feliz será pensar que eu colaborei para que ela tenha crescido e se tornado valiosa.
O grande mistério, afinal, é que jamais saberemos em qual parada desceremos, muito menos nossos companheiros, ou até aquele que está sentado ao nosso lado. Façamos com que nossa estada nesse trem seja tranqüila, que tenha valido a pena e que, quando chegar a hora de desembarcarmos, o nosso lugar vazio traga saudades e boas recordações para aqueles que prosseguirem a viagem da vida.

                                                                          Autor desconhecido




O Payador
Jayme Caetano Braun,
filho de São Luiz Gonzaga,
no terceio duma adaga,
nunca se enliou nas esporas.
O payador das auroras,
o campeador gauchesco,
abriu coivara payando,
alçou um vôo acenando
com a aba do chapéu,
sabendo que, lá no céu,
existe alguém esperando.

Quem sabe o Ciro Gavião,
quem sabe Aureliano Pinto,
quem sabe o negro retinto,
que se chamava Anastácio,
quem sabe até don Pascácio,
andejo dos corredores,
guasqueiros, alambradores,
ginetes da cepa antiga
vão esperar com cantiga
o maior dos payadores.

Deixou tropilhas de rimas,
retouçando nos galpões,
as futuras gerações
seguirão teu catecismo,
honrarão teu gauchismo
que jamais será disperso.
Pois quem deixou universo
de payadas igual às tuas
volta nas noites de lua
para enfrenar mais um verso.

Telmo de Lima Freitas
Poema escrito em homenagem ao Jayme


Jayme nasceu na Timbaúva, antigo 3º Distrito de São Luiz Gonzaga-RS
(30.01.1924 - 08.07.1999)

Telmo nasceu em São Borja-RS, em 13.02.1933

terça-feira, 28 de setembro de 2010

DOE SANGUE

O DOADOR DE SANGUE

De um lado a morte a esperar sombria...
No leito, o enfermo pálido e exangue...
Mas eis que um braço fraternal se estende:
- Irmão... Irmão... eu te darei sangue...

Que doce glória para um ser humano!
O sangue ardente que em suas veias corre
Vai levar força, alegria e vida
Para as veias de outro ser que morre...

DAR SANGUE É DAR VIDA! Dar o sangue
É dar simplesmente o coração...
Que prêmio maior do que sentir
A própria vida a florescer num irmão...

Dar sangue... dá-lo assim fraternalmente
Só por amor, só por amor se entende...
E como o amor quando é sublime e puro
Também o sangue humano não se vende...

E quando algum dia Deus interrogar:
- Que fez este homem diante da dôr
E do sofrer alheio? - Ele dirá:
- DAR SANGUE É DAR VIDA... E eu dei sangue, Senhor!...

           Ignez Soares de Carvalho

MEU SENTIMENTO (Poesia)


Vamos brincar de ciranda
como era antigamente,
a gente era mais gente
ainda que nada tivesse,
mas era tão grande a messe
que, cansados ao fim do dia,
na alegria ou na melancolia,
não se dormia sem uma prece.

Hoje estamos adultos,
feridos pelos espinhos
que se antepunham aos caminhos
daqueles que foram seus,
sem dar um último adeus,
nos sonhos que se perderam
dos muitos que já mnorreram
e agora estão junto a Deus.

Dos lábios que ainda sinto
o doce mel que continham,
bem sei de onde vinham
na busca por entre flores
no vai e vem de mil amores,
perfumando a brisa mansa
do labor de quem não cansa
num turbilhão de muitas cores.

Estando aqui silente,
sorvendo as ânsias do coração,
sinto que, na concha da minha mão,
teu peito cabe certinho,
implorando meu carinho
para teu corpo inundar
daquilo que posso dar
entre dois montes abrir caminho.

Teus olhos negros são contas
que brilham na noite escura,
por isso ando à procura
de algo que me fugiu
e na correnteza sumiu
qual folha seca no vento
levar meu sentimento
pras profundezas do rio.

Porto Alegre, 04/09/2007

Ivo Leão da Rocha

SAIU NA REVISTA DO COLÉGIO ANCHIETA:

Criança tem cada uma...

Maria Eduarda Schimitt Rocha, aos 6 anos de idade.

Durante a apresentação e exploração do tema "A história da escrita", a professora questionou se alguém já havia escutado ou conhecia o significado da palavra fenícios. Maria Eduarda pensou, pensou e disse:
- Fenícios eu não sei, mas Vinícius eu conheço!

ALFABETO DOS FENÍCIOS

4ª CONFRATERNIZAÇÃO DA FAMÍLIA ROCHA (São Nicolau, 28-29 e 30/10/94)

Bendita  família Rocha,
diante da qual me descubro
neste entardecer de outubro
que altaneiro desabrocha;
indiada que não "afloxa"
por direito de conquista,
missioneira nativista,
com tutano e com garrão,
hoje rodeando um fogão
na fazenda Boa Vista!

Uma terra como essa,
nesta invernada do fundo,
não tem igual neste mundo,
mesmo que vire as avessa;
aqui o Rio Grande começa
soberano e "bien montau",
quando o jesuita achou vau
com a benção que Deus lhe deu
e o gaúcho apareceu
no velho São Nicolau!

Aqui é o princípio de tudo
do que hoje a gente cultua,
do Guarani - do Charrua
e o gaudério melenudo,
quando nascia o clinudo
no continente D' el Rey
os que fizeram a lei
dos brasedos dos fogões
dos nossos anfitriões
gaúchos - Edu e Shyrley!

Então viaja o pensamento
da família aqui reunida,
indiada que foi parida
repontada ao relento
das raízes do evento
que vem do tempo avoengo;
é o velho tronco andarengo
que a tradição multiplica
desde a fibra da vó Zica
até o garrão do vô Nengo!

Os passados e os presentes
se encontram aqui reunidos
todos amigos queridos
que recordam os ausentes,
junto aos pais e descendentes
forjados no sacrifício
gaúcho mesmo - de ofício,
a nossa maior fortuna,
parece até um pé de tuna
o velho pai Aparício!

Que lindo esse regimento
acampado numa ronda,
hoje não há quem responda
a beleza deste evento,
anunciando o nascimento
de mais três guascas patrícios
que serão mestres de ofícios
orgulhando o sangue bom,
o Eduardo e o Egon
e - pra remate - o Vinícius!

Que bendita descendência
dos rochas - aqui desperta,
olhando a planura aberta
da primitiva querência,
o berço da adoslecência
da velha capitania,
a lendária sacristia
do gaúcho nativismo
onde efetuou-se o batismo
desta nossa dinastia!

Homenagem do
Jayme Caetano Braun
Estância do Pirayu - Viamão
Outubro de 1994



segunda-feira, 27 de setembro de 2010

sábado, 25 de setembro de 2010

ANIVERSÁRIO DE ANA D. STEINSTRASSER

Em comemoração do 92º aniversário, que ocorrerá no próximo dia 29.09.2010, a minha segunda mãe ofereceu um almoço no sábado (25.09.2010), na churrascaria Freio de Ouro.
Estiveram presentes: filha e filhos, irmão e cunhada, noras, genro, sobrinha, neta e netos, bisnetas, bisneto e amigas.








CONFRARIA DO ÓCIO

A Confraria do Ócio, realizou na 6ª feira (24.09.2010) seu almoço nº 769, na Sede Esportiva do Clube do Comércio, à Av. Bastian, 178, em Porto Alegre.
Um grande número de Confrades e Confreiras participou do encontro com muita alegria e descontração.
Os assadores, Almada (Negrinho) e Ivo acompanhados pelo incansável Carlos Alberto, serviram um suculento churrasco, assado na grelha, ao estilo uruguaio.
O Presidente Alcio Cancello Faria era só satisfação.




quarta-feira, 22 de setembro de 2010

domingo, 19 de setembro de 2010

MILONGA DO SOLITÁRIO

Balança a rede campeira,                                 
balança a rede sozinha.                                                 
Quem se acostava na rede
noutra esfera caminha.

O olhar olhando pra dentro
como de si prisioneiro.
Veste seus panos gaúchos
- seu timbre de homem campeiro.

Sobre a coxilha bem alta
se planta o império de quem
pelos repechos da História
subiu tão alto, também.

Só a estância o compreende,
plantada no coxilhão,
pois ambos têm raízes
fincadas no chão.

ITU é o nome da estância,
chamam GETÚLIO, a seu dono,
que assim na rede parece
algum chiru no abandono.

Sempre rodeado de gente
vinda de longes rincões,
tropeia sonhos perdidos
no amargo das solidões.

Sempre o maior solitário
- já dizem os velhos rifões -
é aquele que está solito
no meio da multidão.

Lhe chamam de SOLITÁRIO
e ele de fato está só
- folha de angico do campo
que o vento atirou no pó.

Seus ideais de estadista
- os feitos e os por fazer-
são uma tropa fantasma
cruzando no anoitecer.

Ladram cachorros na noite
e o velho, de olhos no chão,
lembra os cachorros humanos
do engano e da traição...

Apparício Silva Rillo


 

Churrasco entre amigos

Foto após churrasco na casa dos vizinhos Rosaura e Marco Aurélio Seadi, em 19/09/2010.
Reflexiona
sobre todo aquello
que amas en la vida.
Sigue en contacto
con quienes amas
y con tus amigos,
y sigue los impulsos
de tu corazón...
El mañana siempre
te traerá cosas buenas,
si vives tus días
con amor.

Donna Levine

Lançamento do livro O Grande Payador

Aconteceu na noite de sábado, 18/09/2010, no Acampamento Farroupilha, no Galpão do Clube de Truco "Pitoco", o lançamento do livro
Jayme Caetano Braun - O Grande Payador, de autoria de Nei Fagundes Machado.
Na ocasião o autor ao apresentar sua obra, o fez, intercalando versos de vários poemas do Chimango, como era chamado por seus
inumeráveis amigos.
Ao prefaciar o Livro, Antônio Augusto Fagundes, atesta "que a biografia do Jayme, é muito mais que isso: é um canto de louvor ao Payador Missioneiro, a tudo que ele representava em vida e sobre tudo ao que representa ainda depois que partiu."
No transcorrrer do evento, muitos amigos e admiradores do Nei, puderam  saborear um carreteiro de charque, prato típico dos galpões Sul-Rio-Grandenses.





quinta-feira, 16 de setembro de 2010

FILHOS

Eu sou um pai feliz
Deus assim me permitiu
Uma guria e dois guris
Amores da minha vida
Radares no meu caminho
Distante ou perto estejamos
O certo é que nos amamos
Com redobrada emoção
Levando no coração
A mais pura alquimia
Um gostando do outro
Dois gostando de um
Ideais por mim traçados
Onde busquei encontrar
Meus sonhos acalentados
Incertos, mas confirmados
Lá onde puder alcançar
E hoje realizá-los
Na mágica bendição
Aqui dizer esta humilde oração.

Porto Alegre, 27/09/2004

     Ivo Leão da Rocha

PESCARIA

Canhoto, Ivo e Macau tomando uma cerveja em plena praia do Cassino.

Gabriel

Enquanto houver um gaúcho, assim como o Gabrielzinho, as tradicões NÃO TERMINAM!









QUANDO TE VEJO, MEU NETO,
AGRADEÇO A DEUS PELA VIDA
POIS, NESSA ESTRADA COMPRIDA,
NOS SULCOS E ENCRUZILHADAS,
PASSO HORAS ENCANTADAS
A REPISAR MEU CAMINHO
COM DESVELO E COM CARINHO,
ALVITRANDO FIRMES PASSOS
PARA SENTIR, EM MEUS BRAÇOS,
TUA ESTAMPA, GAUCHINHO.

Porto Alegre, 24/09/2009

Ivo Leão da Rocha

Monumento a Jayme Caetano Braun

CORUJAS


















Um casal de corujas
lá na praia de Capão
cavou bem fundo no chão
a toca antes planejada
pra espera da filharada.
Com muito amor e carinho,
deitaram ovos no ninho
como se fosse um tesouro
para chocar sem agouro
ali no mais de mansinho.

Mas o casal não contava
que naquele monte de areia
a coisa ia ficar feia
com tamanho escarcéu
pra quem queria no céu
aplaudir o foguetório
bem no seu território
na maior demonstração
que os homens sem coração
não respeitam propriedade
no cartório.

Até que a gente entende,
era passagem de ano,
o velho fechava o pano
e o novo vinha se abrindo
com muita festa surgindo
sem se importar com as corujas
que mesmo com penas sujas
vivem ali um sonho lindo.

O caso correu o mundo
no rádio, tv e jornal,
uns dando força ao casal,
outros só por orgulho
sem se importar com o embrulho
que os fogos iam fazer
o rancho podia ceder
em meio a tanto barulho.

Ainda bem que autoridades
que preservam fauna e flora
ali chegando na hora
de um mandado bem expresso
não permitiram o excesso
e os filhotes agradecidos
com nós outros comovidos
saudaram tanto sucesso.

E ali estão pais e filhos
na vida bem familiar
no lote particular
agradecendo a alguém
num entra e sai, vai e vem
que de longe apreciados
parecendo realizados
curtem a praia também.

Querido amigo e padrinho
Jayme Caetano Braun
"misto gente e urutau"
sem precisar de lambujas
quantas saudades "tujas"
o payador missioneiro
foi ele quem disse primeiro
"nós todos somos corujas".

Porto Alegre, 25/01/2008

Ivo Leão da Rocha

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Meus netos

Pensamento

"Guardo meus amigos como os avaros seus tesouros, porque, de todas as coisas que a sabedoria nos oferece, nenhuma é maior do que a amizade."

Pietro Aretino, pseudônimo de Francisco Accolti (1492-1556)
Escritor Italiano.

ENSIMESMADO

Eu me chamo Ivo Leão da Rocha,
cuera criado à bicho,
atazanado por cambicho,
Já faz tempo, é bem verdade.
Vivendo por caridade,
ansiando encontrar um dia
um rancho pra moradia
e china para servir de rumo
que me faça encontrar o prumo
e acabar essa taquicardia.

"La vez que quise ser bueno
en la cara se me rieron,
cuando grité una injusticia
la fuerza me hizo callar;
la esperanza fue mi amante,
el desengaño mi amigo...
Cada carta tiene contra
y cada contra se da."

Como é cruel o destino
de um pobre vivente,
louco para ser gente,
na busca de uma alforria
que possa dar garantia
e um pouquinho mais de valor,
e assim sentir o calor
do sol que nasce pra todos
e o canto dos rapsodos
neste universo de flor.

"Hoy no creo ni en mí mismo,
todo es truco, todo es falso,
y aquel, el que está más alto
es igual a los demás...
Por eso no ha de extrañarte
si alguna noche borracho,
me vieras pasar del brazo
con quien no debo pasar."

Quem dera também agora,
já marcado pelos anos,
só colhendo desenganos
nesta cantiga perdida,
encontrar uma guarida
no canto de um passarinho
e, adormecendo no ninho,
só acordar de madrugada
nos braços da namorada,
infestado de carinho.

 Ficam aqui estes versos,
acolherados à toa,
e, embora ainda me doa
no lado esquerdo do peito,
hei de encontrar um jeito
para minh'alma salvar,
e assim poder estar
como urutau na tronqueira
num brete ou numa porteira
ensimesmado a cantar.

Porto Alegre, 31/08/2010

Ivo Leão da Rocha
e versos em Espanhol
de Froilan Francisco Gorrindo



                       URUTAU