sexta-feira, 25 de março de 2011

Pescaria no Cassino - março/2011

Mais uma vez estivemos na Praia do Cassino, reunidos para mais uma pescaria.
Desta vez com os seguintes participantes:

Almadão (Augusto)
Canhoto (Claudio)
Gaspar
Hiram
Carlos Alberto
Ivo

A quantidade de peixes pescados foi satisfatória mas, a comprada foi superior.

Logo na entrada da Peixaria há um quadro com os seguintes dizeres:

" SE ALGUM DIA EU PASSAR POR TI E NÃO SORRIR,
NÃO LAMENTES POIS NESSE DIA
ESTAREI PRECISANDO
DE UM SORRISO
TEU! "

A seguir,  fotos mostrando algumas atividades a beira mar





domingo, 20 de março de 2011

FALANDO EM JOÃO DE BARRO . . .



BEM  NA  PORTEIRA

Gujo Teixeira/Sabane Felipe de Souza

Circunstanciais os limites
Pra quem vive num moirão
Num rancho de terra bruta
A um metro e tanto do chão
Um casal de João de barro
Com paciência, bico e asa
Escolheu bem na porteira
Pra erguer o sonho da casa

O barro depois da chuva
Bastou pra toda morada
Mangueira de terra boa
Sovada com a cavalhada
O tempo fez dias claros
E a construção foi parelha
Duas semanas e o rancho
Foi do alicerce pras telhas

O macho levava cantos
Pro timbre dos alambrados
Na partitura da cerca
Anunciava os bem chegados
Toda manhã de setembro
Um canto novo acordava
Quando a fêmea emplumada
Por sobre o rancho cantava

Porta pro lado do sol
Meter a cara em porfia
E um canto de passarinho
Chamando as barras do dia
Por que a vida tem sentidos
Onde a razão não se cansa
De renascer todo o dia
Aonde exista a esperança

Mas foi bem junto com a chuva
Que uma tropa de cruzada
Se apertou bem na porteira
Querendo pegar a estrada
E o moirão num trompaço
Perdeu o entono e a razão
E derrubou o ranchinho
De terra e ninho pro chão

E a tropa cruzou por diante
Sem reparar no que fez
Cascos e pisadas quedaram
Dois sonhos de uma só vez
E o barreiro repousado
no outro moirão da porteira
Parecia que buscava
Ao longe sua companheira

Custou, mas cantou de novo
De asa e de bico aberto
Quando o casal se encontrou
Num cinamomo ali perto
Pra erguer um novo rancho
No mesmo ciclo de espera
Longe do cruzo das tropas
Na próxima primavera



sábado, 19 de março de 2011

Passarinho da cor da terra (João de Barro)






Monumento a Jayme Caetano Braun 
em
São Luiz Gonzaga-RS
Brasil




JOÃO BARREIRO

Jayme Caetano Braun


João Barreiro... João Barreiro...
Velho pássaro bizarro
que dum ranchito de barro,
amassado com carinho,
fizeste galpão e ninho
na maior indiferença,
e nem pediste licença
pra mim, que sou teu vizinho!

Pois na cabeça dum poste,
na entrada do parapeito,
te arranchaste bem a jeito,
erguendo o teu rancho forte
meio de esguelha pra o norte
porque és muito previdente...
Eu até fiquei contente;
Dizem que dás muita sorte!

Ranchito lindo esse teu
que horas inteiras contemplo,
tem bem o feitio de um templo
assim, rústico e bagual,
que o construtor mais genial,
por mais arte e mais paciência,
leva toda uma existência
mas não fará outro igual!

Por isso fico pensando
no poder do Criador
que dum pássaro cantor
assim como tu - Barreiro! -
Fez o maior engenheiro
que o Céu abriga, - xomico! -
Sem mais recursos que o bico
e o velho barro campeiro!

Quando piá, fui meio diabo,
muito bichinho matei,
mas sempre te respeitei
sem saber qual a razão;
Talvez por veneração
de piazote malcriado
ao te ver sempre entonado
nesse rancho de torrão!

Rancho bendito esse teu,
sempre um símbolo de paz,
portas abertas pra trás
como a dizer ao viajante:
-"Te apeia e chega pra diante,
pois embora um passarinho
sei como é triste o caminho
do guasca que vive errante!"-

E quando a barra do dia
no horizonte se desmancha,
ao te ouvir pedindo cancha
num grito de toda goela
sinto como é rude e bela
a nossa velha Querência
e como é penosa a ausência
pra se viver longe dela!

Eu sinto inveja e não nego
desse teu ninho barreado
que ergueste desassombrado
sobre o moirão da porteira.
Pois junto da companheira
que te ajoujou na ternura
és a própria miniatura
da fidalguia campeira!

Toda a mística da Raça
nesse barro sintetizas
e o Rio Grande simbolizas
bombeando as várzeas desertas,
pois parece que acobertas
nesse ranchito sem luxo
o coração do gaúcho,
sempre de portas abertas!














domingo, 13 de março de 2011

MADRUGADA, VINHO E POESIA



 
El  Vino

Alberto Cortez

"Sí señor... el vino puede sacar
cosas que el hombre se calla;
que deberíam salir
cuando el hombre bebe agua.

Va buscando, pecho adentro,
por los silencios del alma
y les va poniendo voces
y los va haciendo palabras.

A veces saca una pena,
que por ser pena, es amarga;
sobre su palco de fuego,
la pone a bailar descalza.

Baila y bailando se crece,
hasta que el vino se acaba
y entonces, vuelve la pena
a ser silencio del alma.

El vino puede sacar
cosas que el hombre se calla.

Cosas que queman por dentro,
cosas que pudren el alma
de los que bajan los ojos,
de los que esconden la cara.

El vino entonces, libera
la valentía encerrada
y los disfraza de machos,
como por arte de magia...

Y entonces, son bravucones,
hasta que el vino se acaba
pues del matón al cobarde,
solo media, la resaca.

El vino puede sacar
cosas que el hombre se calla.

Cambia el prisma de las cosas
cuando más les hace falta
a los que llevan sus culpas
como una cruz a la espalda.

La puta se piensa pura,
como cuando era muchacha
y el cornudo regatea
la medida de sus astas.

Y todo tiene colores
de castidad, simulada,
pues siempre acaban el vino
los dos, en la misma cama.

El vino puede sacar
cosas que el hombre se calla.

Pero... qué lindo es el vino.
El que se bebe en la casa
del que está limpío por dentro
y tiene brillando el alma.

Que nunca le tiembla el pulso,
cuando pulsa una guitarra.
Que no le falta un amigo
ni noches para gastarlas.

Que cuando tiene un pecado,
siempre se nota en su cara...
Que bebe el vino por vino
y bebe el agua, por agua."


quarta-feira, 2 de março de 2011

terça-feira, 1 de março de 2011

Jayme, um vate do nosso tempo


JAYME  E  OS  DEZ  MIL  POETAS

Carlos Omar Villela Gomes

Jayme abriu os olhos mansamente,
Num silêncio de poço...
Sentou, fechou um palheiro,
Olhou para os lados mas não viu ninguém...

Jayme estava só à beira do fogo,
Um fogo grande de incendiar invernos,
Desses que vivem no olhar das prendas
E que consomem tantos corações.

Já não sabia onde estava
Mas era noite de frio...
E os olhos claros de Jayme
Singraram pelo vazio.

Talvez perdidos nos braços
De alguma paixão extrema...
Talvez voando sem asas
No céu de mais um poema.

Jayme estava em silêncio
E em silêncio ficou...
Puxou um naco de fumo
E lentamente picou.

De repente dez mil luzes,
Dez mil sóis, dez mil estrelas
Se puseram a brilhar...
Dez mil lendas andarilhas,
Dez mil almas em vigília
Se achegaram ao lugar.

Dez mil pássaros surgiram
E dez mil anjos caíram
por entre os focos de luz...
Dez mil vates e profetas,
Dez mil sonhos, dez mil poetas
Dez mil mártires sem cruz.

Jayme sentiu tempestades
Trovoando no coração...
Os poetas foram chegando
Sem nunca tocar o chão.
Jayme ouviu as palavras
Desses dez mil querubins;
Num mesmo tom de verdade
Então disseram assim:

" - Teus versos vem das entranhas,
Não só da terra vermelha,
Mas da própria humanidade
Onde teu sonho se espelha."

"Quando criavas tuas rimas,
Quando soltavas tua voz...
Em cada luz que parias
Havia um pouco de nós."

"Somos o sonho construído pelas eras,
Em cada estrofe que alguém ousou compor...
Pois na verdade ninguém cria, é instrumento
Que o pensamento dos antigos dominou."

"Tens o teu Dom porque és um ser iluminado,
Foste escolhido pra seguir essa odisséia...
Onde as nações sangram as chagas do pecado,
E o poeta traz a cura com as idéias."

"Somos a fé em tudo aquilo que buscavas,
Dez mil guerreiros construindo um ideal...
Somos a vida florescida nas palavras
Somos a chama da poesia universal."

"Estás aqui, companheiro,
Pois tens razões para estar...
E hoje vieste tomar
Um lugar perto dos teus;
Estás aqui, missioneiro
Porque és irmão e parceiro...
E o teu solo vermelho
É o próprio sangue de Deus."

Jayme engoliu o silêncio
E uma lágrima caiu...
Numa força mais intensa
Que as águas de um grande rio.

Os anjos então partiram,
Riscando o céu num clarão...
Foi quando o mais nobre arcanjo
Levou Jayme pela mão.

E hoje quando um poeta
Nalgum confim do planeta
Se veste de coração,
Existem dez mil guerreiros
Mais um anjo missioneiro
Voando sem cativeiros,
Ocultos na inspiração!!!