terça-feira, 28 de setembro de 2010

MEU SENTIMENTO (Poesia)


Vamos brincar de ciranda
como era antigamente,
a gente era mais gente
ainda que nada tivesse,
mas era tão grande a messe
que, cansados ao fim do dia,
na alegria ou na melancolia,
não se dormia sem uma prece.

Hoje estamos adultos,
feridos pelos espinhos
que se antepunham aos caminhos
daqueles que foram seus,
sem dar um último adeus,
nos sonhos que se perderam
dos muitos que já mnorreram
e agora estão junto a Deus.

Dos lábios que ainda sinto
o doce mel que continham,
bem sei de onde vinham
na busca por entre flores
no vai e vem de mil amores,
perfumando a brisa mansa
do labor de quem não cansa
num turbilhão de muitas cores.

Estando aqui silente,
sorvendo as ânsias do coração,
sinto que, na concha da minha mão,
teu peito cabe certinho,
implorando meu carinho
para teu corpo inundar
daquilo que posso dar
entre dois montes abrir caminho.

Teus olhos negros são contas
que brilham na noite escura,
por isso ando à procura
de algo que me fugiu
e na correnteza sumiu
qual folha seca no vento
levar meu sentimento
pras profundezas do rio.

Porto Alegre, 04/09/2007

Ivo Leão da Rocha

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