quinta-feira, 16 de setembro de 2010

CORUJAS


















Um casal de corujas
lá na praia de Capão
cavou bem fundo no chão
a toca antes planejada
pra espera da filharada.
Com muito amor e carinho,
deitaram ovos no ninho
como se fosse um tesouro
para chocar sem agouro
ali no mais de mansinho.

Mas o casal não contava
que naquele monte de areia
a coisa ia ficar feia
com tamanho escarcéu
pra quem queria no céu
aplaudir o foguetório
bem no seu território
na maior demonstração
que os homens sem coração
não respeitam propriedade
no cartório.

Até que a gente entende,
era passagem de ano,
o velho fechava o pano
e o novo vinha se abrindo
com muita festa surgindo
sem se importar com as corujas
que mesmo com penas sujas
vivem ali um sonho lindo.

O caso correu o mundo
no rádio, tv e jornal,
uns dando força ao casal,
outros só por orgulho
sem se importar com o embrulho
que os fogos iam fazer
o rancho podia ceder
em meio a tanto barulho.

Ainda bem que autoridades
que preservam fauna e flora
ali chegando na hora
de um mandado bem expresso
não permitiram o excesso
e os filhotes agradecidos
com nós outros comovidos
saudaram tanto sucesso.

E ali estão pais e filhos
na vida bem familiar
no lote particular
agradecendo a alguém
num entra e sai, vai e vem
que de longe apreciados
parecendo realizados
curtem a praia também.

Querido amigo e padrinho
Jayme Caetano Braun
"misto gente e urutau"
sem precisar de lambujas
quantas saudades "tujas"
o payador missioneiro
foi ele quem disse primeiro
"nós todos somos corujas".

Porto Alegre, 25/01/2008

Ivo Leão da Rocha

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