sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Viagem à São Borja

Na companhia do amigo Telmo de Lima Freitas, voltamos ao passado visitando nossa terra natal (São Borja-RS).
Nossa estadia de uma semana serviu para rever parentes e diletos amigos.
No dia 02 (finados), levamos flores e rezamos por aqueles que já se apartaram de nós.
Entre tantos túmulos, ressalto os de Lucas Araújo e Maria do Carmo.
Lucas, saudoso amigo, compadre do Telmo, gaúcho de linda estampa e,
Maria do Carmo,
morena, bonita e generosa.
Era mulher de muitos casos de amor e, por conseguinte a chamavam de prostituta.
Foi morta, degolada e esquartejada pelo seu último amante, um soldado do Exército. Seus restos foram enterrados no próprio local do crime, aos fundos do 2º Regimento João Manoel.
Por ser mulher que gostava muito de bebidas alcoolicas e cigarros, muitos que visitam seu túmulo, depositam garrafas de cachaça e massos de cigarros para pedir ou pagar promessa(s), eis que é reconhecida e venerada como Santa Milagrosa.

Túmulo de Maria do Carmo

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Visitamos a sede do Grupo Amador de Arte "OS ANGÜERAS", localizado entre árvores nativas de indisível beleza, destacando-se enormes pés de "pau ferro". Nessas árvores vive uma linda coletividade de bugios:

Bugio pendurado

Bugio espiando

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Telmo, Marco Antônio Rillo Loguércio, Suelen,
 e Marco Antonio Loguércio, charlando e mateando à sombra


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Faz parte do Museu dos Angüeras


Museu da Estância
Apparício Silva Rillo
 
I
Repositório dos trastes
da gaúcha procedência
é um pedaço da Querência
que a si própria se retrata.
Galpão cheirando a fumaça,
carne gorda e picumã,
fortim campeiro do clã
que construiu este Estado,
renascido do Passado
para os olhos do amanhã.
 
 
II
Parou no tempo a carreta
e há quem nem se lembre dela,
como também das gamelas,
da cambona e do pilão.
Os dentes da evolução
lhes vai roendo a memória
e hoje são nomes na história
do pago em transformação.
 
III
Há muita gente de hoje
que não conhece um bordizo,
nunca viu o lombo liso
de um palmo de sovador;
desconhece o maneador,
maneia e descornadeira,
e o cheiro bom da madeira
serrada a distorciador...
 
IV
Quem não sabe de onde veio
perde seu próprio caminho.
Ninguém se orienta sozinho
sem mão que ampare e aponte.
Só assim, nesse reponte
que vem de trás para diante,
o coração vai avante
na direção do horizonte.
Não há ninguém que se plante
sem que beba água da fonte...
 
V
E assim se conta a história
de um sonho que floresceu,
nosso e vosso, meu e seu,
pois não o fizemos sós.
Nele, a herança dos avós,
nele, o apoio dos amigos,
e um sabor de pães de trigo
na alma de todos nós.
 
***
 
Nós dois, Telmo e eu, fomos visitar o 2º Regimento de Cavalaria Mecanizado
 
Regimento João Manoel
 
Quartel onde servimos à Pátria com dignidade e, hoje saudosos, reverenciamos.
 
Telmo

Ivo

"NESTE  LOCAL  ENCONTRA-SE  FAÍSCA,  UM  DOS
CAVALOS  DO  ANTIGO  2º  REGIMENTO  DE  CAVALARIA
QUE  MAIS  SE  DESTACOU  EM  CONCURSOS  DE  SALTO,
COMO  HOMENAGEM  A  TODOS  OS   CAVALOS  QUE
GALHARDAMENTE  CONDUZIRAM  O  REGIMENTO  JOÃO
MANOEL,  DESDE  A  SUA CRIAÇÃO,  À  CONQUISTA  DE
UM  LUGAR  DE  DESTAQUE  DENTRE  AS  UNIDADES
DE  CAVALARIA  DO  EXÉRCITO  BRASILEIRO.

São  Borja,  15  de  Agosto  de  1976
2º  Regimento  de  Cavalaria  Mecanizado
- Regimento  João  Manoel - 

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Imagens da minha terra:

Passo de São Borja
Fronteira Brasil e Argentina

Bares

Rio Uruguai

Porto

Rio Uruguai, ao fundo Argentina

Ponte ligando Brasil e Argentina

Local para eventos e ou estacionamento

 

2 comentários:

  1. Obrigado, Ivo, por quartear essas imagens. Samborjenses desgarrados visitam as origens quando veem e leem essas coisas. Por ser cria de milico fui criado nos fundos do Regimento, na estrebaria, no sapateiro, no casarão da banda, no barbeiro (que fazia meu pezinho dizendo estar fazendo a barba), brincando no caixão de areia, comendo a boia da tia Júlia, enfim... Também sou do rancho da saudade. Grande abraço. Jean Ramos
    .

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  2. Museu de Estância é um dos melhores poemas. Obrigado por compartilhar.

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