terça-feira, 19 de outubro de 2010

SAMBA ENREDO DA MOCIDADE PADRE MIGUEL

Aquiescendo ao convite de dirigentes da Mocidade Independente de padre Miguel, Rio de Janeiro, meu filho Cláudio e eu próprio, assistimos na noite e madrugada de domingo (16) para segunda-feira (17), na bela quadra da mocidade, a aprovação do samba que irá contar e cantar o enredo "Parábola dos Divinos Semeadores", no Carnaval do Rio, em 2011.


Introdução:

Parábola dos Divinos Semeadores

"A primeira semente: depois do degelo, eis que surge o caminho.
Em um tempo muito distante, grande parte das sagradas terras africanas encontravam-se sob o domínio do frio. Um Império branco e gelado que mantinha o homem primitivo praticamente prisioneiro das cavernas.
Certa manhã, uma estrela incandescente reluziu intensamente no horizonte; um forte clarão cortou o nevoeiro e espalhou-se pela palidez da paisagem, anunciando um deslumbrante espetáculo de luz e calor. Aos poucos, o branco do gelo e da neve foi sendo matizado pelo verde da vegetação, que surgiu vigorosa. Assim, nossos ancestrais saíram da toca e festejaram.
A vida explodiu em cores e fartura. Plantas de todos os tipos, diversas espécies de frutas e animais variados passaram a dominar o cenário renovado. O poder dos raios e trovões, os mistérios das águas e da terra e os segredos das matas passaram a ser reverenciados por guias espirituais escolhidos entre os mais sábios de cada tribo. Nas celebrações, esses feiticeiros cantavam e dançavam enfeitados com folhas e máscaras em torno de fogueiras para afastar os maus espíritos e garantir as boas colheitas.
De festa em festa e de ritual em ritual, o homem evoluiu e descobriu o milagre da vida contido no interior dos grãos e sementes que se manifestavam quando estes alcançavam o solo.
No Brasil, essas divinas sementes encontararam solo fértil e abençoado. Lançadas aos diversos recantos do nosso torrão, rapidamente germinaram e se multiplicaram, dando frutos com características próprias.
De Norte a Sul desta nação, virou manifestação popular.
O boi que veio de tão longe, lá do Norte, também se tornou sagrado: " É boi Ápis pra lá, e bumba-meu-boi, meu boi-bumbá pra cá".
No nordeste, a festa do deus  Sol se transformou em festa de São João e a comilança não pode faltar: tem milho assado, tem arroz doce, garapa de cana, um bom cafezinho e fogueira acesa  "pra" esquentar.
Tem festa da uva nos Pampas e cavalhadas no Cerrado; mas, foi aqui no Rio de Janeiro que a mais bela e formosa das sementes encontrou o seu lugar. Misturando as festas e celebrações que vieram da Europa com a magia que desembarcou com os negros africanos, criamos o nosso próprio ritual. Cantando, dançando e batucando com alegria sem igual, acrescentamos tempero à festança, reinventamos o carnaval.
Hoje, celebramos o nosso passado agrário e agrícola enquanto festejamos o nosso presente como o maior espetáculo Da Terra e quando esse tal de futuro chegar e a folia for levada "pro" espaço sideral, estará, na verdade, voltando ao início, encontrando-se com o próprio passado e fechando um ciclo.
Afinal, vale lembrar que tudo começou com o brilho incandescente de uma estrela que derreteu a neve e fez a folia começar."

No decorrer do evento tivemos o prazer de conviver com pessoas de grande entusiasmo e simpatia, onde pontificaram, o Presidente Paulo Vianna, o Vice-Presidente Paulo Neves, a Presidente da Ala Bons Amigos, Marinalva Santos e o seu marido Jorge esbanjando simpatia e que volta e meia dava uma bicadinha para "molhar as palavras".
A noite de festa, garra e alegria, como não poderia deixar de ser, foi pontilhada com o samba e a presença  de lindas mulheres .

Para finalizar, transcrevo a letra do samba-enredo para o carnaval Carioca de 2011:

Compositores: J. Giovanni, Zé Glória e Hugo Reis

Uma luz no céu brilhou, liberdade!
Meu coração venceu o medo
O que era gelo se tornou, felicidade
É fartura se espalhando pelo chão
A natureza tem mistérios e magias
Rituais, feitiçarias, deuses a me abençoar
Guiado pela luz da estrela guia
Eu vou por onde a semente me levar

O que eu plantei, o mundo colheu
Um milagre aconteceu
A vida celebrou um ideal
E a esperança se transforma em festival

Festa de Ísis, do boi e do vinho
Até em Roma a semente foi brotar
Mudaram meu papel, Padre Miguel!!!
Hoje ninguém vai me censurar
No baile de máscara negra
Até a nobreza teve que engolir
Meu Brasil, de norte a sul sou manifestação
Aonde vou arrasto a multidão
De cada cem só não vem um
Vou voltar, um dia ao espaço sideral
E reviver o meu ziriguidum, em alto astral

Tá todo mundo aí??? Levanta a mão
Quem é filho desse chão
Chegou a mocidade fazendo a alegria do povo
Meu coração vai disparar de novo














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