terça-feira, 28 de junho de 2011

Acuérdate de mí

POEMA DE

Carlos Augusto Salaverry


Oh! Cuanto tiempo silenciosa el alma
mira en redor su soledad que aumenta,
como un péndulo inmóvil ya no cuenta
las horas que se van!
Ni siente los minutos cadenciosos
al golpe igual del corazón que adora,
aspirando la magia embriagadora
de tu amoroso afán.

Ya no late, ni siente, ni aún respira,
petrificada el alma allá en lo interno,
tu cifra en mármol con buril eterno
queda grabada en mí,
ni hay queja al labio ni a los ojos llanto,-
muerto para el amor y la ventura,
está en tu corazón mi sepultura
y el cadáver aquí.

En este corazón ya enmudecido
cual la ruina de un templo silencioso,
vacío, abandonado, pavoroso,
sin luz y sin rumor,
embalsamadas ondas de armonía
elévanse a un tiempo en sus altares,
y vibraban melódicos cantares,
los ecos de tu amor.

Parece ayer!... de nuestros labios mudos
el suspiro de adiós volaba al cielo,
y escondías la faz en tu pañuelo
para mejor llorar.

Hoy!... nos apartan los profundos senos
de dos inmensidades que has querido,
y es más triste y más hondo el de tu olvido
que el abismo del mar.

Pero... Qué es ese mar? Qué es el espacio?
Qué la distancia y los altos montes,
ni qué son esos turbios horizontes
que miro desde aqui?
Sí al través del espacio y de las cumbres,
de ese ancho mar y de este firmamento,
vuela por el azul mi pensamiento
y vive junto a tí.

Sí, yo tus alas invisibles veo,
te llevo dentro del alma, estás conmigo,
tu sombra soy y donde vas te sigo,
De tus huellas en pos!
Y en vano intentan que mi nombre olvides,
nacieron nuestras almas enlazadas,
y en el mismo crisol purificadas
por la mano de Dios.

Tú eres la misma aún: Cual otros dias
suspéndense tus brazos en mi cuello,
veo tu rostro apasionado y bello
mirarme y sonreír;
aspiro de tus labios el aliento
como el perfume de claveles rojos,
y brilla siempre en tus azules ojos,
mi sol! Mi porvenir!

Mi recuerdo es más fuerte que tu olvido,
mi nombre está en la atmósfera, en la brisa,
y ocultas a través de tu sonrisa
lágrimas de dolor;
pues mi recuerdo tu memoria asalta
y a pesar tuyo por mi amor suspiras,
y hasta el ambiente mismo que respiras
te repite mi amor.

Oh! Cuando vea en la desierta playa,
con mi tristeza y mi dolor a solas,
el vaivén incesante de las olas,
me acordaré de tí;
y cuando veas que un ave solitaria
cruza el aire en moribundo vuelo,
buscando un nido entre la mar y el cielo:
Acuérdate de mí!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Bolaços do Bola

Causo de Apparício Silva Rillo, onde é citado o nome do amigo Diogo Madruga Duarte,
doutor num jogo de truco e, que há muitos anos não vejo.


" Os que me contaram seus causos não lhe sabiam seu primeiro nome. No seu túmulo, em Bagé, duas datas e a inscrição: "Bola Madureira". Pinheiro Machado e Lavras do Sul disputam, com a terra onde viveu e foi enterrado, a primazia de seu nascimento. Tudo porque Bola Madureira terá sido um dos gaúchos mais completos que o Rio Grande já teve.
Há todo um folclore a respeito de suas proezas como campeiro: a de emérito laçador, a ponto de não lhe escapar da armada nem mesmo uma lebre correndo coxilha acima; a de grande atirador de boleadeiras, havendo, certa vez, boleado um joão-grande que lhe cruzava a frente do cavalo; quando mais moço, gineteava ao revés, seguro apenas na cola da montada.
Mas tendem tanto ao fantástico as histórias de extração campeira que o levam como personagem que, precavido, prefiro les contar dois causos que me parecem revelar o senso de humor que foi uma das tantas características de Bola Madureira, cuja estampa física, segundo
Diogo Madruga Duarte, seria "a de um Búfalo Bill sem bigodes".
De volta de uma tropeada o Bola ficou de pousada numa casa de estância, onde chegou de tardezita. Depois do mate habitual, foi convidado a jantar. Foi servida uma canjica aguada, com os grãos de milho duros e mal cozidos. Bola foi sorvendo devagar o prato mal preparado. De repente a ordem do dono da casa, falando em direção à cozinha:
- Muié, pode trazer o frango!
Bola Madureira, roído de fome, sentiu um alívio. Finalmente alguma coisa que prestava. Sorveu o caldo sem gosto e deixou a canjica praticamente intacta. Demorou pouco seu entusiasmo. Entrou a dona da casa na sala com um frango embaixo do braço. Largou-o em cima da mesa e comandou, com voz macia:
- Come, franguinho querido, come. Canjiquinha cozida vai te deixar bem gordinho...

* * *

Doutra feita, também de pousada em rancho alheio, Bola Madureira mateou até dez horas da noite com o dono da casa. De bóia, nada. Lá pelas tantas seu hospedeiro, insinuando que já era hora de espichar os ossos nos pelegos, convidou:
- Quem sabe a gente lava os pé na gamela? Temo que levantá cedo amanhã...
Bola, louco de fome, saiu-se com esta:
- Mas será que não faz mal lavar os pé em completo jejum? "


sexta-feira, 24 de junho de 2011

Parábola


"Havia, no alto da montanha, três pequenas árvores que sonhavam o que seriam depois de grandes.
A primeira, olhando as estrelas, disse: "eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros. Para tal, até me disponho a ser cortada".

 

A segunda olhou o riacho e suspirou: "eu quero ser um grande navio para transportar reis e rainhas".

A terceira árvore olhou o vale e disse: "quero ficar aqui no alto da montanha e crescer tanto que as pessoas ao olharem pra mim, levantem seus olhos e pensem em Deus".


Muitos anos se passaram e certo dia vieram três lenhadores e cortaram as três árvores, todas ansiosas em serem transformadas naquilo que sonhavam.



A primeira árvore acabou sendo transformada num cocho de animais, coberto de feno.
A segunda virou um simples e pequeno barco de pesca, carregando pessoas e peixes todos o dias.


E a terceira, mesmo sonhando em ficar no alto da montanha, acabou cortada em grossas vigas e colocada de lado num depósito.


Mas, numa certa noite, cheia de luz e de estrelas, onde havia mil melodias no ar, uma jovem mulher colocou seu bebê nascido naquele coxo de animais. E de repente, a primeira árvore percebeu que continha o maior tesouro do mundo...(Lc 2:7).


A segunda árvore, anos mais tarde, acabou transportando um homem que acabou dormindo no barco, mas quando a tempestade afundou o pequeno barco, o homem levantou


e disse:

" P A Z ! "

E num relance, a segunda árvore entendeu que estava carregando o Rei dos Céus e da Terra (Lc 8:22-25).
Tempos mais tarde a terceira árvore espantou-se quando suas vigas foram unidas em forma de cruz 


e um homem foi pregado nela. Logo, sentiu-se horrível e cruel. Mas no terceiro dia, o mundo vibrou de alegria e a terceira entendeu que nela havia sido pregado um homem


para a salvação da humanidade e que as pessoas sempre se lembrariam de DEUS e de seu Filho JESUS CRISTO ao olharem para ela. (Lc 23:33 e  24:1-9).
Quando as coisas não parecem estar acontecendo da maneira que você gostaria, tenha sempre a certeza de que Deus tem outros planos para você.
Cada uma das árvores teve o que desejava, mas não da forma que imaginou.
Não sabemos dos Planos que Deus tem para nós, sabemos apenas que Seus caminhos podem não ser os nossos, mas são sempre os melhores! "

Desconheço o Autor



segunda-feira, 20 de junho de 2011

A GRANDE VIAGEM DO ESPÍRITO


Hoje, 20 de junho de 2011, meu pai APARÍCIO PIRES DA ROCHA, estaria completando 97 anos.

Que seu espírito esteja em Paz!


" Vale a Pena Viver... e Aprender!

A vida não espera.

Por onde você for, o tempo não pára.
O que ficou, ficou...
O que se foi, passou...
É a vida em movimento.
Somos viajantes eternos em suas trilhas.
Parece que somos passageiros  na eternidade, mas a verdade é que somos eternos dentro do temporário.
Ou seja, somos o eterno no movimento da vida que segue.
Na natureza, tudo passa!
O traço característico da existência é a impermanência.
As coisas mudam...
Pessoas e situações vão e vêm em nossas vidas, entram e saem na esfera de ação do nosso viver.
A vida é assim!
Há um tempo para tudo:
O amanhecer, o meio-dia e o anoitecer.
Da mesma forma, há um tempo para semear e colher;
nascer, viver, partir, renascer e seguir...
Tudo Passa!
O que marca é a experiência adquirida.
As culpas e as mágoas também passam!
No rio da vida, as águas do tempo curam tudo, pois diluem no eterno as coisas passageiras. As coisas estranhas que aconteceram, os dramas e as
palavras que feriram, também passam... se você permitir.
Sim, se você se permitir notar que o tempo leva tudo, e que a vida segue...
Aquele ressentimento antigo ou aquelas emoções apagadas que, vez por
outra, bloqueiam a sua alegria fazem parte do que é temporário, mas você é eterno. Essas emoções passam por você, mas que tal superá-las?
Que tal passar por elas, sem se deter, apenas ficando a experiência e seguindo a vida?
Sim, tudo passa mesmo!
As estações se sucedem no tempo certo:
Primavera, verão, outono e inverno.
Isso é natural!
Como é natural o espírito imperecível entrar e sair dos corpos perecíveis.
Como é natural seguir em frente, pois o tempo não pára e a vida segue...
E, do centro da Consciência Cósmica, o Grande Arquiteto do Universo, o Supremo Comandante de todas as vidas e de todos os tempos nos abençoa sempre.
As experiências vão, mas o aprendizado fica.
A evolução é inevitável!
Todos estão destinados à Consciência Cósmica, mesmo que não entendam isso agora. Porém, se o desentendimento é passageiro, a felicidade advinda do processo de evoluir continuamente será imperecível.
Tudo a seu tempo!
Enquanto evoluem e aprendem a arte de viver, sejam felizes...
E não se detenham até alcançar a meta!
O que vale é o Amor!
Que a luz do discernimento e dos sentimentos mais elevados possa iluminar nossos corações!
Que cada dia leve consigo a maravilha do momento, que sempre passa...
Existir é um privilégio.
E viver é maravilhoso!

PAZ  e  LUZ ! "

Desconheço o Autor



terça-feira, 14 de junho de 2011

A MORTE UMA GRANDE REALIDADE


 Desconheço o Autor 


 "Um homem morreu intempestivamente...
 Ao dar-se conta, viu que se aproximava um ser muito especial
 que não se parecia com nenhum ser humano.
 Trazia uma maleta consigo...
 E disse-lhe:
 ...Bem, amigo, é hora de irmos...
 Sou a morte...
 O homem, assombrado, perguntou à morte...
 Já?... Tinha muitos planos para breve...
 Sinto muito, amigo... Mas é o momento da tua partida.
 Que trazes nessa maleta?
 E a morte respondeu-lhe:
 - OS TEUS PERTENCES.
 Os meus pertences?
 São as minhas coisas, as minhas roupas, o meu dinheiro?
 - Não amigo, as coisas materiais que tinhas,
 nunca te pertenceram...
 Eram da terra.
 ...Trazes as minhas recordações?
 - Não amigo, essas já não vêm contigo.
 Nunca te pertenceram, eram do tempo...
 ...Trazes os meus talentos?
 - Não amigo, esses nunca te pertenceram...
 Eram das circunstâncias.
 ...Trazes os meus amigos, os meus familiares?
 - Não amigo, eles nunca te pertenceram, eram do caminho.
 ...Trazes a minha mulher e os meus filhos?
 - Não amigo, eles nunca te pertenceram.
 Eram do coração.
 ... Trazes o meu corpo?
 - Não amigo, esse nunca te pertenceu.
 É propriedade da terra.
 ... Então, trazes a minha alma?
 - Não amigo, ela nunca te pertenceu...
 Essa é do Universo.
 Então o homem, cheio de medo,
 arrebatou à morte a maleta e abriu-a... e deu-se conta
 de que estava vazia...
 Com uma lágrima de desamparo a brotar dos seus olhos,
 o homem disse à morte:
 Nunca tive nada?
 Tiveste, sim... meu amigo...
 Cada um dos momentos que viveste foram só teus...
 A vida é só um momento. E uma sequência de momentos...
 Cada um momento todo teu, e só teu.
 Desfruta-o na sua totalidade... 

 Vive o AGORA,

 vive a TUA VIDA

 e não te esqueças de

 S E R     F E L I Z."


* * *

Nem Jesus Cristo, quando veio à terra,
se propôs resolver o problema particular de alguém.
Ele se limitou a nos ensinar o caminho,
que necessitamos palmilhar
por nós mesmos.

Chico Xavier

sábado, 11 de junho de 2011

PALA DE SEDA


Apparício da Silva Rillo


Meu velho pala de seda
Com meio palmo de franja!
Contrabandeado da estranja
Para enfeitar meu assombro.
Quando  te atiro nos ombros
Numa tarde de domingo,
Só de faceiro meu pingo
Mal e mal pisa no chão,
E não há neste rincão
Por onde te exibo vestido
Pinguancha passarinheira
Que lá por dentro não queira
Vir afagar-te o tecido...

Meu velho pala franjado,
Pano pra todo o serviço!
Botei muito rebuliço
Contido envolto no braço
e um adaga de bom aço
Passarinhando na mão.
Te esparramava no chão
No exato feitio de um leque,
E quando o índio moleque
Pisava sobre teu pano,
Eu dava um grito de "arreda!"
E ao grotesco de uma queda
Ria o rincão meio ano...

Quantos recuerdos dos buenos
Não guardas, pano de lei!
Eu mesmo ao certo não sei
Qual terá melhor memória.
Talvez  aquele da história
Da china ruiva do povo
Que num baile de ano-novo
Quis ver a lua comigo...
E então, ao discreto abrigo
Da sombra larga do oitão,
Meu velho pala franjado
Foste o leito improvisado
daquele noivado pagão!

Depois que abraço a chinoca
E ao trote retorno ao pago,
Tu vais tremendo ao afago
De um ventinho buliçoso.
E o teu patrão, orgulhoso
como é feitio de um rapaz,
Só pra não olhar pra trás
- Mais entonado que um deus -
Te afrouxa e vais panejando,
Pachola e louco, acenando
meu triste e último adeus!

HABEAS-PINHO

Campina Grande-PB

"Em 1955, em Campina Grande, Paraíba, um grupo de boêmios
fazia serenata numa madrugada do mês de junho, quando
chegou a polícia e apreendeu o violão.
Decepcionado, o grupo recorreu aos serviços do advogado
Ronaldo Cunha Lima,
então recentemente saído da Faculdade e que
também apreciava uma boa seresta.
Ele peticionou em Juízo para que fosse liberado o violão.
Aquele pedido ficou conhecido como
"Habeas-Pinho"
e enfeita as paredes de escritórios de muitos advogados e
bares de praias no Nordeste.
Mais tarde, Ronaldo Cunha Lima foi eleito Deputado Estadual,
Prefeito de Campina Grande, Senador da República,
Governador do Estado e Deputado Federal."

Eis  a  famosa  petição:

HABEAS-PINHO

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca:

O instrumento do crime que se arrola
Neste processo de contravenção
Não é faca, revólver nem pistola,
É simplesmente, Doutor, um violão.

Um violão, Doutor, que na verdade,
Não matou nem feriu um cidadão,
Feriu, sim, a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.

O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade,
Ao crime ele nunca se mistura,
Inexiste entre eles afinidade.

O violão é próprio dos cantores,
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam as mágoas e que povoam a vida
Sufocando suas próprias dores.

O violão é música e é canção,
É sentimento de vida e alegria,
É pureza e néctar que extasia,
É adorno espiritual do coração.

Seu viver, como o nosso, é transitório,
Porém seu destino se perpetua,
Ele nasceu para cantar na rua
E não para ser arquivo de Cartório.

Mande soltá-lo pelo Amor da noite,
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno açoite
De suas cordas leves e sonoras.

Libere o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito,
É crime, porventura, o infeliz
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito?

Será crime, e, afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado
Derramando ali as suas dores?

É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento,
Juntando esta petição aos autos nós pedimos
E pedimos também DEFERIMENTO.

Ronaldo Cunha Lima, Advogado




O Juiz Arthur Moura, sem perder o ponto,
deu a sentença no mesmo tom:

"Para que eu não carregue remorso no coração,
Determino que seja entregue ao seu dono,
Desde logo, o malfadado violão!"

Recebo a Petição escrita em verso
E, despachando-a sem autuação,
Verbero o ato vil, rude e perverso,
Que prende, no cartório, um violão.

Emudecer a prima e o bordão,
Nos confins de um arquivo em sombra imerso
É desumano e vil destruição
De tudo, que há de belo no universo.

Que seja sol, ainda que a desoras,
E volte à rua, em vida transviada
Num esbanjar de lágrimas sonoras.

Se grato for, acaso ao que lhe fiz,
Noite de lua, plena madrugada,
Venha tocar à porta do Juiz.









quinta-feira, 9 de junho de 2011

A M I G O S




Recebi através de e-mail, gostei e divido com meus amigos.
Ivo


Vinicius de Moraes

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto
e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor,
eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos,
enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os meus amores,
mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos
e o quanto minha vida depende de suas existências...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os pocuro com assiduidade,
não posso lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem
que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,
embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não tem noção de como me são necessários,
de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital,
porque eles fazem parte do mundo que eu,
tremulamente, construí,
e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é,
em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,
cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer...
Se alguma coisa me consome e me envelhece
é que a roda furiosa da vida
não me permite ter sempre ao meu lado,
morando comigo, andando comigo,
falando comigo, vivendo comigo,
todos os meus amigos, e, principalmente,
os que só desconfiam
- ou talvez nunca vão saber -
que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.